Aspectos Históricos do Café

Boutique de Cafés em Jundiaí, SP

Aspectos Históricos do Café

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O Café é uma planta tropical nativa das terras altas da Etiópia, centro da Africa na região abisiniana de Kaffaa, onde mesmo nos dias de hoje crescem no seu estado selvagem, mas o país que conhecemos atualmente com o nome de Yêmen que antigamente se chamava Arábia é que deu inicio em 575 a.C. a difusão e a propagação do plantio do café.

Etiópia centro do café

ETIÓPIA CENTRO DO CAFÉ

São desconhecidos quem foram os primeiros bebedores de café, apesar de ser quase certo que viveram na Etiópia.

Degustação de café na Etiópia

DEGUSTAÇÃO DE CAFÉ NA ETIÓPIA

Sultão em Meca, bebendo café

SULTÃO EM MECA, BEBENDO CAFÉ

 

Existem referências feitas a uma bebida, conhecida pelo nome Buncham que possivelmente é o café, as quais se encontram em documentos científicos da Arábia que datam do período entre 900 e 1000 a.C.

Há uma lenda árabe que data aproximadamente de 1250 a.C. onde se narra que o xeique Omar, então no exílio, descobriu pequenos frutos de café que cresciam em estado selvagem. Com fome e farto de comer os grãos crus, diz-se que o xeique cozeu alguns grãos, tendo bebido a infusão que daí resultou sua bebida.

Pastor Kaldi e suas cabras

PASTOR KALDI E SUAS CABRAS

Uma outra lenda mais conhecida contada a mais de 1000 anos na Absínia hoje Etiópia é a de um monge que passeava pelas pastagens, enquanto sentia o calor da tarde aquecer suas costas, respirava o ar puro e seco das montanhas, perto de uns arbustos, o monge notou uma certa agitação onde algumas cabras brincavam.

A alegria dos animais era tamanha, que o monge resolveu se aproximar, um jovem pastor de nome Kaldi estava sentado perto dos animais e cantarolava baixinho; todos pareciam embriagados por uma estranha felicidade.

O monge chegou mais perto e notou as pequenas frutinhas vermelhas que estavam nas mãos do jovem parecendo reluzir contra a luz, foi então que o pastor explicou, que as frutas eram fonte de alegria e motivação, e somente com a ajuda delas, o rebanho conseguia caminhar por vários quilômetros por subidas infindáveis nas montanhas, o monge então apanhou um pouco das frutas e levou consigo até o monastério.

Antes da oração noturna, resolveu experimentar o novo elixir. O seu corpo foi tomado de uma sensação de júbilo e motivação, e o monge orou durante toda a noite.

Então o abade compartilhou sua descoberta com os outros monges no mosteiro e o conhecimento cada vez mais dos efeitos energéticos dos grãos de café começou a se espalhar até chegar à Península Arábica e ai começou uma jornada sem precedentes até os dias atuais.

Os árabes foram os primeiros, não apenas a cultivar café, mas também a iniciar seu comércio, no século XV, o café estava sendo cultivado na Arábia, e no século XVI, era conhecido na Pérsia, no Egito, na Síria e na Turquia.

Transporte de café entre cidades árabes

TRANSPORTE DE CAFÉ ENTRE CIDADES ÁRABES

Comercio de café entre árabes e europeus - 1690

COMERCIO DE CAFÉ ENTRE ÁRABES E EUROPEUS – 1690

 

Plantações de café fora da Arábia com a crescente demanda pela bebida continuou a se espalhar, os esforços dos árabes para garantir o monopólio no cultivo do café não foram suficientes, os holandeses na segunda metade do século XVII conseguiram obter algumas mudas, nas primeiras tentativas de plantá-las na Índia falharam, mas foram bem-sucedidas, na ilha de Java hoje IndonésiaHoje o café é cultivado em vários países ao redor do mundo, como a África, América do Sul e Central, nas ilhas do Caribe e do Pacífico, Asia e Oceania todos podem considerar a herança das antigas florestas das terras altas da Etiópia.

Colheita de Café naquela época

COLHEITA DE CAFÉ NAQUELA ÉPOCA

Muda de café cultivada no Jardim Botânico de Amsterdã

MUDA DE CAFÉ CULTIVADA NO JARDIM BOTÂNICO DE AMSTERDÃ

 

As plantas prosperaram e os holandeses tiveram um comércio de café produtivo e crescente, e assim expandir o cultivo dos cafeeiros para as ilhas de Sumatra e Celebes. Em 1714, o prefeito de Amsterdã presenteou ao rei Luís XIV da França com um pé de café.

Gabriel de Clieu

GABRIEL DE CLIEU

O rei então ordenou que fosse plantado no Jardim Botânico em Paris, mais tarde em 1723, um jovem oficial da marinha francesa, Gabriel de Clieu, recebeu uma muda de café do rei para transportá-lo com segurança para a Martinica, onde foi plantada a muda, ela prosperou e espalhou mais de 18 milhões de cafeeiros na ilha, foi dessa espécie que, a partir daí, originaram-se os cafeeiros em todo o Caribe, América do Sul e América Central.

Os árabes mantiveram o monopólio do comércio do café por muitos anos, mas os viajantes europeus, conseguiram quebrar essa barreira. O café então é levado para a Europa! E tornou-se popular em todo o continente.

Os oponentes eram excessivamente cautelosos, chamando a bebida de “uma amarga invenção de Satanás”. Com a chegada do café em Veneza em 1615, o clero local condenou.

A controvérsia foi tão grande que o papa Clemente VIII foi chamado a intervir, antes de tomar uma decisão no entanto, ele decidiu experimentar a bebida, ele provou e ficou maravilhado, com isso ele deu aprovação papal.

Nas grandes cidades da Europa, como Inglaterra, Áustria, França, Alemanha, Itália e Holanda, os cafés tornaram-se rapidamente centros de atividade social e comunicação, estes locais se tornaram um importante centro de troca de informações, muitas vezes chamados de “Escolas dos Sábios”.

Em meados do século XVII, havia mais de 300 casas de café em Londres. Muitas empresas surgiram dessas lojas de café da Lloyd’s em Londres, por exemplo: tornou-se o Edward Lloyd Coffee House, embora as casas de café rapidamente começaram a aparecer, o chá continuava a ser a bebida favorita no Novo Mundo até 1773, quando os colonos se rebelaram contra um imposto pesado sobre o chá imposto pelo rei George.

A revolta conhecida como a festa do chá de Boston, mudaria para sempre a preferência dos americanos para beber Café. O hábito de tomar café, principalmente em Veneza, estava associado aos encontros sociais e à música que ocorriam nas alegres Casas de Cafés.

As cafeterias foram aumentando na Europa durante o século XVII, enquanto florescia o Iluminismo e se planejava a Revolução Francesa. Durante tardes inteiras, jovens reuniam-se em torno de várias xícaras de café, discutindo o destino das nações, declamando poemas, lendo livros ou simplesmente passando o tempo.

Atualmente, algumas casas famosas como o Café Procope inaugurado em 1686 pelo chef siciliano Francesco Procópio em Paris França, e o Café Florian aberto em 29 de dezembro de 1720 em Veneza Itália inspirado pelo nome de seu proprietário original Floriano Francesconi, o curioso para época e muito atraído pelo fato de ser a única cafeteria que permitia a presença de mulheres, estes locais ainda hoje preservam o glamour dessa época.

Café na Holanda - World Coffee

CAFÉ NA HOLANDA – WORLD COFFEE

Café Florian - Veneza

CAFÉ FLORIAN – VENEZA

Café Estação de Londres

CAFÉ ESTAÇÃO DE LONDRES

 

Com as experiências holandesa e francesa, o cultivo do café foi levado para outras colônias europeias. O crescente mercado consumidor europeu propiciou a expansão do plantio de café em países africanos e a sua chegada ao Novo Mundo. Pelas mãos dos colonizadores europeus, o café chegou ao Suriname, São Domingos, Cuba, Porto Rico e Guianas. Foi por meio das Guianas que chegou ao norte do Brasil.

A chegada do café no Brasil

Em 1727 o café chegou ao Brasil trazido da Guiana Francesa através de Francisco de Mello Palheta militar luso-brasileiro, responsável pela introdução do cultivo do café no Brasil.

Francisco de Mello Palheta

FRANCISCO DE MELLO PALHETA

Palheta foi mandado a Guiana Francesa pelo então governador do Maranhão João da Maia da Gama para tratar de duas missões, uma era reestabelecer a fronteira no Rio Oiapoque a qual estava sendo violada pelos franceses e a outra era adquirir mudas e sementes de café, as duas missões foram cumpridas com êxito, a partir de então o café se tornaria a principal cultura do país.

Devido as nossas condições climáticas favoráveis, o cultivo do café se espalhou rapidamente, iniciando o plantio ao norte até a chegada ao Sudeste brasileiro o café no início, a sua produção era voltada somente para o mercado doméstico, somente no século XVIII o café brasileiro adquire uma real importância no mercado internacional. Sua trajetória pelo Brasil foi através dos estados primeiro!

Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Minas Gerais, isto aconteceu em um espaço de tempo curto, o café mudou de posição secundaria para um produto-base da economia brasileira.

As suas condições favoráveis a cultura se estabeleceu no vale do Rio Paraíba, iniciando assim um novo ciclo econômico no país.

No final do século XVIII, a produção cafeeira da Republica do Haiti no Caribe, até então o principal exportador mundial do produto, entrou em crise devido a longa luta contra a França para conquistar a independência do país, o Brasil aproveitando este quadro aumentou significativamente a sua produção, embora ainda em pequena escala, passou a exportar o produto com maior regularidade.

Os primeiros embarques foram realizados 1779, com insignificante quantia de 79 arrobas, somente 27 anos após as exportações atingiram um volume mais expressivos na época 80 mil arrobas.

Fazenda de café - Brasil, final do século XVIII

FAZENDA DE CAFÉ – BRASIL, FINAL DO SÉCULO XVIII

Armazenagem de café -Brasil, século XIX

ARMAZENAGEM DE CAFÉ -BRASIL, SÉCULO XIX

 

Durante quase um século, o café foi a grande riqueza para o Brasil, e as divisas geradas pela economia cafeeira alavancaram o desenvolvimento do Brasil e o inseriram nas relações internacionais de comércio.

O Café ocupou vales e montanhas, contribuindo para o surgimento de cidades e o desenvolvimento de importantes centros urbanos por todo o interior do sudeste e sul do país, possibilitando o crescimento e investimentos de ferrovias para o escoamento da produção, substituindo assim o transporte animal e facilitando o comércio entre regiões e estados de outras importantes mercadorias.

Embarque de café no porto de Santos - 1908

EMBARQUE DE CAFÉ NO PORTO DE SANTOS – 1908

Transporte de café pela ferrovia – Santos Jundiaí- 1860

TRANSPORTE DE CAFÉ PELA FERROVIA – SANTOS JUNDIAÍ- 1860

 

O café trouxe grandes contingentes de imigrantes, consolidou a expansão da classe média, contribuiu para diversificação de investimentos e a intensificação de movimentos culturais, a partir de então o café para os brasileiros, passou a ser a bebida a bebida nacional.

A riqueza fluía pelos cafezais, presentes nas grandes mansões dos fazendeiros, que traziam a cultura europeia aos teatros nas novas cidades do interior Paulista.

Durante décadas o Brasil cresceu, movido pelo hábito do cafezinho, servido nos cafés das manhas, refeições e cafeterias ao redor do mundo, desenvolvendo nossa cultura, construindo fábricas, promovendo a misturas de raças, dominando partidos políticos, derrubando a monarquia e abolindo a escravidão.

 

O Café gerou muitas riquezas, tornou o Brasil conhecido com a marca de exportação do Café tipo Santos, a qual foi criada devido ao fato de o porto de santos ser um dos principais exportadores de café.

A Cafeicultura também teve seus altos e baixos, o plantio em regiões inadequadas para a cultura do café, teve sérios problemas, em 1870, uma grande geada atingiu as plantações de café no oeste paulista causando enormes prejuízos, depois a crise de 1929 com a quebra da bolsa de Nova York em outubro, foi um golpe duro para economia cafeeira. Após uma longa crise, a cafeicultura nacional se reorganizou e os produtores, industriais e exportadores voltaram a gerar esperanças de um futuro melhor para a cafeicultura brasileira.

Fazendas de plantação de café brasileiro

FAZENDAS DE PLANTAÇÃO DE CAFÉ BRASILEIRO

Fazendas de plantação de café brasileiro

FAZENDAS DE PLANTAÇÃO DE CAFÉ BRASILEIRO

A busca pela região ideal para cultura do café, se estendeu por todo o país, hoje as áreas cafeeiras estão concentradas no centro sul do país, com destaque para quatro estados produtores: Minas Gerais, Espirito Santo, São Paulo e Paraná, na região Nordeste a Bahia e região Norte Rondônia.

Pé de Café

PÉ DE CAFÉ

Abanação do café na Colheita

ABANAÇÃO DO CAFÉ NA COLHEITA

Secagem do café no terreiro

SECAGEM DO CAFÉ NO TERREIRO

 

Ainda hoje o café continua sendo um dos produtos mais importantes para economia brasileira, sem dúvida o mais brasileiro de todos, o Brasil é o maior produtor mundial e exportador, responsável por 30% do mercado internacional e o segundo mercado consumidor, perdendo somente para os Estados Unidos.

Os cafés produzem seus melhores grãos, quando cultivados em altitudes elevadas em um clima tropical, onde há um solo rico. Tais condições são encontradas em todo o mundo em lugares da zona equatorial, faixa amarela do mapa mundi.

Além da localização, outros fatores afetam a qualidade e o sabor do café. Estes incluem a variedade da planta, a composição química do solo, em que é cultivada, o clima, em particular a quantidade de chuva, a luz do sol e a altitude exata onde o café cresce. Essas variáveis, combinadas com a forma como as cerejas após a colheita são processadas, nos vários países produtores podem afetar a qualidade e o gosto do café. Atualmente, o café é cultivado em mais de 50 países ao redor do mundo.

A palavra “café” deriva do nome em latim Coffea, membro da família das rubiáceas, com mais de 500 gêneros e seis mil espécies, a maioria são plantas tropicais e arbustos e podem chegar até 10 metros de altura, são lenhosas e existem duas espécies principais sendo: o coffea arabica, produz grãos arábicas e é um café de qualidade superior e o coffea canephora, produz grãos robusta conhecido no Brasil como café conilon. A especie coffea arabica produz variedades conhecidas como, Bourbon, Tipica, Mundo Novo, Caturra, Tico, Pacamara, Geisha, Catuai, Blue Montain, Maragogype e outros….  A especie Canephora robusta é um café de sabor neutro caracteristico, e é produzido em grande escala, nos países da África e Sudeste da Ásia, já o café arabica é produzido em maior escala nos países da America do Sul e Central.

A esquerda Grão de Arábica | a direita Grão de Robusta

A ESQUERDA GRÃO DE ARÁBICA | A DIREITA GRÃO DE ROBUSTA

O café arabica representa ¾ da produção e o café Rubusta ¼ da produção mundial.O Brasil é o maior produtor de café arabica e o segundo maior produtor de café robusta perdendo somente para Indonésia, mas se somarmos as duas produções do Brasil e da Indonésia isto representara 50% do volume de cafés produzidos no mundo.

Em 2017 o consumo mundial do café cresceu quase 2% ao ano, com alguns mercados registrando uma taxa de crescimento bem acima de 10%, a cada ano temos observado que a demanda global quebra novos recordes ano a ano em 2017 o consumo mundial ficou na ordem de 157 milhões de sacas de 60kg, o mercado de  especialidades é claramente o fator que alavanca este crescimento, mas tambem não devemos deixar de considerar o crescimento demográfico e economico nos mercados novos e emergentes os quais são extremamente significativos.

Pode apreciar um Bom café!


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