É o atleta brasileiro de windsurf com mais títulos de todos os tempos e representou o Brasil em 5 olimpíadas. Além disso, é maior medalhista panamericano do Brasil com 4 ouros e 1 prata em 5 jogos diferentes e o atleta de maior hegemonia do esporte olímpico brasileiro, com 23 títulos consecutivos. Bem, mas vamos começar do começo…
Tudo começou em Santa Cruz Cabrália/BA, em 1982 quando o pai de Bimba comprou uma prancha de windsurf e ele ainda bebê já chorava na praia pra ir junto para a água. O material daquela época não dava pra criança usar, exigia muito equilíbrio e tudo era pesado. O pai de Bimba ficou um tempo sem velejar e depois mudou-se com a família para o Rio de Janeiro em 1991, quando então voltou a praticar e Bimba teve as primeiras aulas. Aos 11 anos começou a praticar com mais intensidade e daí nunca mais parou.
Ele ficou tão apaixonado pelo esporte que a dedicação profissional já era evidente nas primeiras aulas. Com um mês de prática, os amigos já diziam que dali sairia um campeão mundial, um atleta olímpico. Mas sem muitas pretenções, ele nunca pensava muito no significado daquelas palavras. Bimba só queria velejar por horas e horas, todos os dias do ano, sem pausa, sem férias, sem viagens para as montanhas.
O clube onde praticava funcionava de terça a domingo e teve a sorte de ser vizinho do seu instrutor, o famoso Boy – Fernando Ermel. Logo fez amizade também com o filho, o Boyzinho, e passou a frequentar a casa deles e assim a ter acesso à chave do clube para incluir as segundas-feiras na rotina de velejos. Boy sonhava em levar um filho para as olimpíadas e percebeu o potencial de Bimba, canalizando esse desejo nele. Assim, Boy colocou Bimba como representante da Flotilha de Marapendi, criada por ele, e a inscrevê-lo nos campeonatos.
Com 12 anos Bimba ganhou seu primeiro campeonato nacional, vencendo garotos de 15 anos! Com 14, ganhou dos de 18 e foi campeão carioca adulto. Com 15, repetiu a façanha e ficou a um único ponto de diferença na sua primeira seletiva olímpica, quase indo aos jogos com apenas 16 anos!
Boy então teve uma grande sacada: levou Bimba para Atlanta durante os jogos de 96 para treinar por 30 dias entre os atletas olímpicos, elevando muito sua percepção profissional. Com 16 anos, nenhum brasileiro ganhava mais dele! Aos 17, em 1997, venceu sua primeira pré-olímpica, tornando-se o número um do time olímpico e a viajar intensamente pelo mundo.
Bimba venceu todas as pré-olímpicas brasileiras de 1997 a 2016, fui o único brasileiro bicampeão no Mundial da Juventude da ISAF (1998). Em 1999 ganhou a primeira medalha de prata do windsurf brasileiro num Pan-americano e ficou em 4º lugar na pré-olímpica de Sydney, com apenas 19 anos. Em 2000 enfrentou sua primeira olimpíada, ficando em 15º lugar. Logo depois em 2002 foi o vice-campeão mundial adulto aos 22 anos, o primeiro pódio da história do windsurf olímpico no Brasil. Daí em diante Bimba se consolidou entre os 10 melhores do mundo até sua última competição olímpica aos 36 anos.
Vamos agora falar um pouco sobre os Jogos Panamericanos de 1999, 2003, 2007, 2011 e 2015.
O primeiro foi em Winnipeg, Canada, quando ganhou sua primeira medalha de windsurf panamericano para o Brasil, prata. Não levou o ouro no desempate, por meia prancha na linha de chegada.
Em 2003, em Santo Domingo, República Dominicana, estava acirrada a disputa e para ser campeão precisava vencer as últimas 6 regatas, do total de 12. Acordou cedo na manhã após o dia de descanso e disse aos parceiros de quarto que eu não perderia mais nenhuma. Não deu outra e ainda venceu o adversário anterior dos jogos de 1999.
Em 2007 o Pan foi no Rio e Bimba passou a ser patrocinado pela Oi. A cidade estava lotada de outdoors com fotos do “Super Bimba”, vestido de capa de super-herói. Ele tinha acabado de ser campeão do Mundo 3 dias antes e aquela medalha em casa era uma expectativa unânime, e foi o que aconteceu.
Já em 2011, em Puerto Vallarta, México, num calor absurdo e ventos fracos para médio, conseguiu seu 3º ouro nos Pans.
Em 2015 reviveu sua experiência de voltar ao Canadá, mas agora na cidade de Toronto. Foi um dos eventos mais duros fisicamente que já participou. Bimba estava no auge do preparo físico, sentia-se forte e rápido e aplicou uma técnica de bombeada (agitar a vela como se fosse a asa de um pássaro para ganhar impulso) criada por ele, levando o ouro com um dia de antecedência do fim das competições. Neste ano, Bimba encerrou sua carreira nos Jogos Pan-Americanos.
Após 5 olimpíadas consectutivas, das quais competiu em 4 finais, Bimba teve a honra de encerrar sua carreira olímpica em casa, no Rio 2016. Morando e treinando a maior parte do tempo em Búzios, local apreciado por velejadores do mundo todo, onde teve momentos de aprendizado e ensino, de vitórias e de perdas, de risos e choros e de muito suor e sal com a elite mundial do windsurf.
Desde então Bimba passou a atuar como técnico internacional. Na China, classificou um atleta para os Jogos de Tokio 2021, entre 100 chineses. Treinou um atleta mexicano que se classificou para os Jogos pela primeira vez e ajudou a fazer história no Peru ganhando uma medalha de bronze Panamericana e a vaga olímpica para Tokio 2021 com uma atleta de windsurf, Maria Belen. Também se dedica sua Escola e Centro de Treinamento. Começou a dar aulas de Wing Foil e Hidrofoil, novidades dos anos 2020 e que lhe fez repensar o esporte: “Voar sobre as ondas e surfar ondulações com apenas uma pequena asa nas mãos realmente é uma sensação formidável”.
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