Dermatite Atópica (DA)
Clínica MédicaA dermatite atópica, também conhecida como eczema atópico, é uma doença inflamatória crônica da pele, caracterizada por uma pele seca, coceira intensa e erupções cutâneas. É uma condição comum, especialmente em crianças, mas pode afetar pessoas de todas as idades.
Causas
As causas da dermatite atópica não são completamente compreendidas, mas acredita-se que resultem de uma combinação de fatores genéticos, ambientais e imunológicos. Algumas das principais causas e fatores de risco incluem:
• Genética: Há uma forte ligação entre dermatite atópica e histórico familiar de condições alérgicas, como asma e rinite alérgica.
• Disfunção da barreira cutânea: A pele de pacientes com dermatite atópica tende a ter uma barreira cutânea defeituosa, o que facilita a perda de água e a entrada de substâncias irritantes e alérgenos.
• Sistema imunológico: Pacientes com dermatite atópica geralmente têm um sistema imunológico hiperativo, que reage de forma exagerada a estímulos normalmente inofensivos.
• Fatores ambientais: Clima seco, poluição, exposição a produtos químicos e até o estresse podem desencadear ou agravar a dermatite atópica.
Apresentação Clínica
A dermatite atópica se manifesta de diferentes maneiras, dependendo da idade do paciente:
Lactentes: Em bebês, as erupções geralmente aparecem no rosto, couro cabeludo e partes externas dos braços e pernas. A pele fica vermelha, escamosa e pode apresentar exsudação.
Crianças: Em crianças mais velhas, as erupções tendem a aparecer nas dobras dos cotovelos, atrás dos joelhos, no pescoço e nos punhos. A pele fica espessa, seca e com marcas de coceira.
Adultos: Nos adultos, a dermatite atópica pode afetar mais frequentemente as mãos, pálpebras, pescoço e regiões flexurais (dobras da pele). A pele pode apresentar escamação, fissuras e, em casos crônicos, liquenificação (engrossamento da pele devido à coceira persistente).
Papel da alimentação na dermatite atópica
A alimentação pode desempenhar um papel importante na dermatite atópica, embora a relação entre dieta e a condição seja complexa e varie de pessoa para pessoa. Em alguns casos, especialmente em crianças, alergias alimentares podem desencadear ou agravar os sintomas da dermatite atópica. Os alimentos mais comumente associados a reações alérgicas incluem leite de vaca, ovos, amendoim, trigo, soja e frutos do mar. A identificação de uma alergia alimentar relacionada à dermatite atópica geralmente é feita através de testes cutâneos de alergia, testes de IgE específicos (imunoglobulina E) e dieta de eliminação seguida de reintrodução supervisionada de alimentos.
É extremamente importante dietas de exclusão e reexposição (supervisionadas por alergista) para diagnóstico de certeza se certo alimento está ou não sendo responsável pela DA. Esse diagnóstico não deve ser feito exclusivamente pela dosagem de IgE sérica ou mesmo pelo teste de puntura. Retirar alimentos de crianças ou adultos com DA sem ter certeza absoluta pode levar a quadros de anafilaxia após a reintrodução
Não existem dados cientificamente comprovados de que alimentos tidos como “inflamatórios” de fato o sejam e possam se relacionar com o desenvolvimento de alergias. Retirar alimentos de forma aleatória, além de ocasionar possíveis déficits nutricionais, pode ocasionar anafilaxias futuras.
Papel do Microbioma
O microbioma intestinal desempenha um papel na regulação do sistema imunológico e na inflamação. Uma dieta rica em fibras, prebióticos (como alho, cebola e banana) e probióticos (como iogurte e kefir) pode promover um microbioma saudável, o que pode ter um efeito positivo sobre a dermatite atópica e sobre as doenças imunológicas em geral Em alguns casos, suplementos probióticos podem ser recomendados, especialmente em crianças, como uma medida para ajudar a prevenir ou melhorar os sintomas da dermatite atópica, embora os resultados dos estudos ainda sejam variados. O que todos concordam é que dieta variada, saudável, com pouco ou nada de embutidos, enlatados e ultraprocessados faz muito bem para a saúde da microbiota e consequentemente colabora na prevenção e controle das doenças alérgicas.
Complicações
As complicações da dermatite atópica (eczema) podem incluir:
• Asma e rinite alérgica: Muitas pessoas com dermatite atópica desenvolvem asma e rinite alérgica. Isso pode acontecer antes ou depois de desenvolver a dermatite atópica.
• Alergias alimentares: Pessoas com dermatite atópica frequentemente desenvolvem alergias alimentares. Um dos principais sintomas dessa condição é a urticária (urticária).
• Pele cronicamente com coceira e escamosa: Uma condição da pele chamada neurodermatite (liquen simples crônico) começa com uma área de pele com coceira. Você coça a área, o que proporciona apenas alívio temporário. Coçar, na verdade, torna a pele ainda mais propensa a ter coceira porque ativa as fibras nervosas na sua pele. Com o tempo, você pode coçar por hábito. Essa condição pode fazer com que a pele afetada se torne descolorida e espessa.
• Manchas de pele mais escuras ou mais claras que a área ao redor: Essa complicação após a cicatrização da erupção é chamada de hiperpigmentação ou hipopigmentação pós-inflamatória. É mais comum em pessoas com pele marrom ou negra. Pode levar vários meses para que a descoloração desapareça.
• Infecções de pele: O coçar repetido que quebra a pele pode causar feridas abertas e rachaduras. Isso aumenta o risco de infecção por bactérias e vírus. Essas infecções de pele podem se espalhar e se tornar ameaçadoras à vida.
• Dermatite de mão irritante: Isso afeta especialmente pessoas cujas mãos estão frequentemente molhadas e expostas a sabonetes agressivos, detergentes e desinfetantes no trabalho.
• Dermatite de contato alérgica: Essa condição é comum em pessoas com dermatite atópica. A dermatite de contato alérgica é uma erupção cutânea com coceira causada pelo contato com substâncias às quais você é alérgico. A cor da erupção varia dependendo da cor da sua pele.
• Problemas de sono: A coceira da dermatite atópica pode interferir no sono.
• Condições de saúde mental: A dermatite atópica está associada à depressão e à ansiedade. Isso pode estar relacionado à coceira constante e aos problemas de sono comuns entre as pessoas com dermatite atópica.
Prevenção
Desenvolver uma rotina básica de cuidados com a pele pode ajudar a prevenir surtos de eczema. As seguintes dicas podem ajudar a reduzir os efeitos de ressecamento do banho:
• Hidrate a pele pelo menos duas vezes ao dia: Cremes, pomadas, manteiga de karité e loções selam a umidade. Escolha um produto ou produtos que funcionem bem para você. Idealmente, o melhor para você será seguro, eficaz, acessível e sem fragrância.
• Tome um banho ou ducha diária: Use água morna, em vez de quente, e limite o banho ou ducha a cerca de 10 minutos.
• Use um limpador suave, sem sabão: Escolha um limpador que seja livre de corantes, álcool e fragrância. O sabão pode ser especialmente irritante para a pele das crianças pequenas. Para pessoas de qualquer idade, sabonetes desodorantes e antibacterianos podem remover muito os óleos naturais da pele e ressecá-la. Não esfregue a pele com nem com a toalha nem com esponja.
• Seque-se delicadamente: Após o banho, seque a pele suavemente com uma toalha macia. Aplique o hidratante enquanto a pele ainda estiver úmida (dentro de três minutos).
• Os gatilhos para a dermatite atópica variam amplamente de uma pessoa para outra. Tente identificar e evitar irritantes que desencadeiem seu eczema. Em geral, evite qualquer coisa que cause coceira, pois coçar frequentemente desencadeia um surto.
Gatilhos comuns para dermatite atópica incluem:
- Tecido de lã áspera
- Pele seca
- Infecção de pele
- Calor e suor
- Estresse
- Produtos de limpeza
- Ácaros e caspa de animais
- Mofo
- Pólen
- Fumaça de tabaco
- Ar frio e seco
- Fragrâncias
- Outros produtos químicos irritantes
- Bebês e crianças podem ter surtos desencadeados pela ingestão de certos alimentos, como ovos e leite de vaca. Converse com o profissional de saúde do seu filho sobre a identificação de possíveis alergias alimentares. Mas cuidado: apenas exames de sangue positivo (IgE específica) não faz o diagnóstico de alergia. E se o alimento for excluído desnecessariamente a criança pode evoluir com anafilaxia futuramente.
Tratamento
O tratamento da dermatite atópica visa controlar os sintomas, prevenir surtos e restaurar a função da barreira cutânea. As principais abordagens incluem:
Hidratação: Manter a pele bem hidratada é crucial. Cremes e pomadas emolientes devem ser aplicados várias vezes ao dia para ajudar a restaurar a barreira cutânea.
Corticosteroides tópicos: Usados durante surtos para reduzir a inflamação e a coceira. A potência do corticosteroide depende da gravidade e da localização da dermatite.
Inibidores de calcineurina tópicos: Alternativas aos corticosteroides, especialmente para uso em áreas sensíveis como o rosto e as pálpebras.
Antihistamínicos: Podem ser usados para ajudar a controlar a coceira, especialmente à noite.
Antibióticos: Em casos de infecção secundária da pele, antibióticos tópicos ou orais podem ser necessários.
Fototerapia: A exposição controlada a raios UV pode ser útil em casos mais graves ou resistentes ao tratamento convencional.
Medicamentos sistêmicos: Em casos graves, medicamentos imunossupressores ou biológicos podem ser prescritos para controlar a inflamação.
Além disso, é importante evitar fatores desencadeantes conhecidos, como alérgenos, irritantes e situações de estresse, e adotar medidas gerais de cuidados com a pele.