1 - Morte súbita cardíaca:
Morte que ocorre após 1h do início de algum mal-estar. Quando há sucesso nas manobras de reanimação e o coração volta a bater chama-se morte súbita abortada. Cerca de 300 mil brasileiros perdem a vida anualmente por morte súbita cardíaca.
2 – Quais as causas de morte súbita cardíaca?
Em pessoas acima dos 45 anos, a principal causa é doença de coronárias – infarto. Em pessoas mais jovens, as doenças hereditárias podem causar morte súbita e a mais frequente é a miocardiopatia hipertrófica. Todas as doenças cardíacas que aumentam o tamanho do coração ou causam cicatrizes nele podem aumentar riscos de morte súbita.
3 – Quais os mecanismos da morte súbita cardíaca?
Os principais mecanismos de morte súbita cardíaca são taquicardias ventriculares e fibrilações ventriculares. Nesses casos, um foco de arritmia nos ventrículos, geralmente causada por cicatrizes neles, causam batimentos muito acelerados. Essas cavidades se contraem tão rapidamente que são incapazes de mandar sangue de forma eficaz para o resto do organismo, causando parada cardíaca. O acesso precoce a desfibriladores, ou seja, a realização de choques no peito podem ser capazes de reverter essas arritmias e salvar vidas. Para se ter uma ideia, quando o paciente tem fibrilação ventricular e recebe um choque após 10 minutos do início da arritmia, as chances de reversão são menores que 10 perc. Quando esse choque ocorre 1 minuto após a arritmia, as chances de reverão são próximas a 100 perc.
Outro mecanismo de morte súbita são ausência de batimentos cardíacos ou assistolia. Ocorre por doenças que acometem o sistema elétrico do coração. Nesses casos, é fundamental realizar massagem cardíaca, intubação orotraqueal e medicações endovenosas. A choque não tem eficácia para reverter batimentos lentos ou ausência de batimentos.
4 - O que são DEAS (desfibriladores externos automáticos)? Qual a importância deles?
É um desfibrilador capaz de dar um choque no peito do paciente e reverter a arritmia, de forma automática. A pessoa que presta os primeiros socorros deve apenas ligá-lo e colocar as placas no peito da vítima da forma descrita na figura abaixo. O aparelho identifica o ritmo de parada de forma automática e, caso se trate de fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular, aplica um choque. Caso o ritmo da parada cardíaca seja assistolia, não aplica o choque e recomenda que a pessoa realize compressões torácica. Quanto mais precoce o choque, maior a chance de reverter a arritmia e salvar a vida.
Imagem de um DEA
Locais públicos deveriam ter DEAs de fácil acesso. Além disso, é importante treinamento para que pessoas que não forem da área da saúde possam utilizá-lo com segurança.
5 – Como são os símbolos dos DEAs (desfibriladores externos automáticos) ou AED (automatic external desfibrillators)? Onde encontrá-los? O que faço se não encontrá-los?
Os símbolos são esses acima. Esses aparelhos estão disponíveis em locais de grande aglomeração de pessoas, especialmente em países de primeiro mundo. Aeroportos, rodoviárias, shoppings centers, academias de ginásticas, entre outros, deveriam tê-los disponíveis e de fácil acesso. Quando frequentarem esses locais, procurem verificar a disponibilidade deles e, se não houver, cobre das autoridades e proprietários sobre a presença deles, pois podem salvar vidas.
Caso o local onde houve parada cardíaca não os tenha disponível, realize compressões torácicas no 1/3 inferior do externo de forma rítmica – realizando cerca de 100 compressões por minuto, e chamar o chamar o SAMU (192). Certamente, a ambulância de resgate tem DEA e poderá realizar o choque, caso haja necessidade. É importante que as compressões torácicas não sejam interrompidas até o SAMU chegar. O local das compressões torácicas deve ser entre os dois mamilos, colocando-se pressão na palma das mãos, com elas entrelaçadas, de forma a comprimir o coração entre o esterno e a coluna.
6 - E quanto às respirações boca a boca? Há necessidade de fazê-las?
As ventilações são importantes quando a causa da parada cardíaca é por engasgos ou paradas respiratórias. Se houver condições de fazer de forma segura tanto para o paciente quando para quem faz, é fundamental realizá-las. Entretanto, o que mais faz a diferença é a massagem cardíaca e a defibrilação precoce (choque) quando o ritmo de parada for taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular. Os kits de primeiro socorros devem ter dispositivos de ventilação “boca-boca”.
Dispositivos como os da figura abaixo ajudam a proteger o paciente e equipe. Quando o SAMU chegar poderá fazer intubação orotraquel.
7 – Como prevenir a morte súbita?
Controle dos fatores de riscos cardiovasculares é fundamental para diminuir o risco de infarto e insuficiência cardíaca. Corações crescidos têm maior chance de apresentar morte súbita. Em alguns casos, pode ser necessário implante de CDI (desfibrilador) para diminuir o risco de morte súbita. Pessoas que tiveram morte súbita cardíaca abortada (especialmente sem causa reversível) por taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular podem ter indicação de implantar esses aparelhos.
Algumas doenças hereditárias podem aumentar o risco de morte súbita e podem raramente justificar implante de desfibriladores para prevení-la.
Em alguns pacientes, podem-se identificar pausas no batimento ou batimentos lentos que podem ser indícios de que possam estar precisando de marcapasso a fim de evitar morte súbita por coração lento.
Consultas regulares com cardiologistas podem identificar aqueles que têm risco mais elevado de morte súbita e eventualmente intervir antes da parada cardíaca.
Muitos pacientes têm sintomas alguns dias ou horas antes de apresentarem morte súbita. Algumas vezes, interpretam como sendo sintomas de ansiedade ou gastrointestinais e não procuram ajuda médica. Importante que, diante de qualquer sintoma cardiológico, marquem consulta com especialista.
Dor no peito e desmaio podem ser sintomas de alerta e justificam ida imediata ao pronto-socorro.
Autor: Dr. Alexandre Duarte Costa